O projeto, ou melhor... Os vários projetos.

É de se pensar que ter uma Engenheira Civil em casa facilitariam as coisas, mas nem sempre.

O primeiro projeto que fizemos assim que fechamos a compra do terreno foi o levantamento topográfico, que consiste em verificar todas elevações do terreno. Existem muitos fatores para levar em consideração investir nisso, através de um parceiro da empresa em que minha esposa trabalha foi gasto apenas a quantia de 400,00 reais. No mercado conseguimos o orçamento mais barato de 800,00 reais e chegaram a passar orçamento de até 4 mil reais, mas em média varia na faixa de 1200/1800,00 reais o serviço . Então o custo se for baixo é um fator positivo, se você tiver tempo para orçar e melhor ainda se tiver alguns contatos na área. Por nosso terreno ser praticamente plano as elevações não eram muito substanciais para o projeto arquitetônico ou estrutural, mas além de ser uma obrigação do condomínio, fui muito útil para se determinar a terraplenagem já que através das cotas fornecidas no levantamento foi fácil para a Cláudia calcular o nível do terreno onde a terraplenagem seria mais barata, ou seja, não tirar nem por terra, a parte alta do terreno foi esparramada para a parte baixa sendo essa a cota para a construção da casa. Economia!

O projeto arquitetônico foi o mais complicado e o mais envolvente de todos. 

Apesar da Cláudia trabalhar em um prédio com mais de 70 arquitetos, exigências específicas nos levaram a procurar um arquiteto no mercado, o valor de um projeto arquitetônico varia entre 30 a 50 reais o m², cada um com suas características e oferecendo diversos serviços como aprovações, até demais projetos e acompanhamento de obras, essa etapa o preço não pode ser o fator predominante para a escolha e recomendações são fundamentais.

Apenas faziam parte dos nossos planos contratar o projeto arquitetônico e aprovações, como estávamos com o m² definido em função da parcela do financiamento que desejávamos pagar, desde o começo sabíamos que seria um orçamento apertado então nossa maior necessidade seria orientação voltada aos custos para que nossas opções de layout e acabamentos fossem otimizados, a segunda parte era se identificar com o estilo que o profissional segue.

Escolhemos um profissional, fechamos contrato, pagamos a primeira parte do serviço e descobrimos que esse processo não funcionaria com a gente. "O problema somos nós, você é perfeito mas não é nossa hora", dissemos para ele e colocamos em nossa cabeça que para atender nossas exigências, só nos mesmos para faze-lo. Apesar de até entre a gente essa etapa quase ter provocado um divorcio, depois de muito estudo e muitas tentativas chegamos a um projeto arquitetônico feito por uma engenheira que tem bastante embasamento e por um leigo que correu atrás de muita coisa para chegar em um trabalho que agradasse nós mesmo como clientes!

 Não vamos ter aquelas imagens profissionais realistas e nem esperem por alguma arquitetura autoral ultra-mirabolante até porque acreditamos que o dom da criação é oriunda dos mestres como Niemeyer por exemplo, então parafraseando Chacrinha que interpretou a famosa frase de Lavoisier: "Nada se cria, tudo se copia!", partimos para estudar muitas plantas na internet, encontramos muitas plantas ótimas nos blogs, pesquisamos fachadas, visitamos muitas casas em construção para encontrar orientação para o que buscávamos e que se adequavam as características do nosso terreno junto as nossas exigências. 

Essa etapa durou 4 meses e esse é o resultado final de inúmeras versões, nesse ponto um ótimo arquiteto é um fator de economia, tempo é dinheiro se você tem necessidade de mudar logo, cada mês a mais em projeto é 1 mês a mais de aluguel e condomínios, pois nesse momento pagávamos o condomínio do prédio alugado e do terreno. Mas 1 més a mais projetando custa muito menos que passar o resto da vida convivendo com problemas não resolvidos em projeto. Até por isso essa etapa não pode haver economia, um profissional com experiência vai diminuir em muito o risco de problemas pois já vivenciou na prática o que funciona ou não e as exigências técnicas que são necessárias no projeto.  

Nosso projeto é bem prático, um sobrado de 200m² com uma garagem fechada de 40m², isso mesmo, a garagem vai ocupar 1/4 da casa e ainda por cima vai ser a 2ª garagem de todo condomínio que será fechada, isso que falávamos quanto a "características arquitetônicas próprias" nas nossas exigências arquitetônicas, inclusive haverá na garagem toda preparação para ar condicionado e outras "características" que não abro mão como tubulação de ar comprimido e TV, mas também projetamos ela de forma que no caso de uma venda não prevista da casa, apenas tirar o portão deixe a fachada/garagem com o aspecto comum de uma casa de condomínio, inclusive projetamos uma passagem fechada com vidro que em uma casa comum serviria de passagem coberta da garagem para a entrada da casa. Por conta da metragem optamos por 3 quartos, duas suítes no andar superior e um quarto no andar inferior podendo ser convertido para sala de TV ou escritório junto a um banheiro social que pode ser convertido para banheiro da suite, já pensando no próximo projeto depois da construção que será o 1º herdeiro é muito interessante existir um quarto no andar térreo. Também levamos em consideração as cargas no projeto estrutural para ser possível a construção de mais uma suite no andar superior na área da sacada e pensando em uma futura piscina, a parte de depósito já terá preparação para ser facilmente convertida em um pequeno banheiro.

Uma das exigências da Cláudia como engenheira inclusive por ser mestre em estruturas, era utilizar alvenaria estrutural na obra. Consiste basicamente num sistema construtivo onde não há pilares e vigas, toda estrutura da casa e composta por blocos estruturais e graute. De imediato há uma economia gigantesca em madeira, pois quase não há caixarias no projeto e também é um método construtivo mais rápido. Porém a mão de obra requer conhecimento especializado o que é um pouco mais caro e o projeto deve ser cuidadoso pois exige uma compatibilização total dos projetos já que tudo deve ser planejado com antecedência não permitindo que rasguem paredes para a instalação hidráulica ou elétrica alem das medidas gerarem especificações na arquitetura da casa. Para isso contratamos um amigo muito capacitado e também tivemos um valor muito atrativo no projeto. Para o estrutural temos que fazer uma sondagem para avaliar quanta carga o terreno suporta, tivemos um pequeno problema nesse ponto pois o terreno tem tanta pedra que não conseguiram fazer os furos para os testes, foram dezenas de tentativas, tivemos que buscar dados de outros terrenos para compor uma ideia de como era nosso solo. Em paralelo o projeto hidráulico e elétrico também estão sendo desenvolvidos por amigos.

Consultor da obra, Bóris: "Esse papo de projeto é um tédio. Mas estou aguardando as mensagens de todos, pois a opinião e conselhos de cada um não tem preço, e meu salário eu recebo em Biscrok"